Calçado deverá repensar cadeia de abastecimento

A indústria do calçado deverá repensar a cadeia global de abastecimento, com uma maior diversificação dos países produtores e a aposta nos mercados de proximidade.

 

De acordo com a segunda edição do ‘Business Conditions Survey’, realizado durante o mês de Março junto do painel internacional de especialistas do ‘World Footwear’, mais de quatro em cada cinco inquiridos (81%) considera que os
problemas de abastecimento decorrentes da crise sanitária vão ter impacto a médio termo na localização da produção de calçado e só menos de um quinto (19%) entende que a cadeia de fornecimento permanecerá inalterada.

 

Entre os quatro quintos que antecipam uma reformulação da cadeia de abastecimento, cerca de metade dos inquiridos (42%) diz que as empresas de calçado vão preferir dispersar a produção por diferentes países, de forma a
minimizar o risco de disrupções na rede de fornecimento.

 

Já a outra metade (39%) considera que as empresas optarão por relocalizar a produção para países mais próximos dos mercados de consumo, de forma a encurtar a cadeia de abastecimento.

 

Entre os inquiridos dos três continentes que concentram a maior parte do comércio do calçado – Ásia, Europa e América do Norte – os norte-americanos são os que estão menos convencidos de que a situação permanecerá inalterada, sustentando a maioria dos inquiridos que as empresas de calçado vão optar por colocar a produção mais próxima dos mercados de consumo.

 

Pelo contrário, quase um em cada quatro inquiridos da Ásia acredita que os empresários não irão alterar as suas actuais opções de localização da produção.

 

Quando questionados sobre o impacto da pandemia de Covid-19 no consumo mundial de calçado, os membros do painel internacional de especialistas do ‘World Footwear’ antecipam, em média, uma quebra de 22,5% nas vendas este ano, com menos 5 100 milhões de pares de sapatos comercializados a nível global.

 

Os inquiridos prevêem que a crise sanitária “irá penalizar fortemente o sector de calçado em 2020”, ocorrendo “o cenário mais negativo” na Europa, com uma perda estimada de 27% no consumo, equivalente a menos 908 milhões de pares comercializados.

 

Já na América do Norte o recuo previsto é de 21% (menos 696 milhões de pares), enquanto na Ásia a queda esperada é de 20% (menos 2.400 milhões de pares).

 

Segundo as conclusões do estudo, “as perspectivas são globalmente negativas”, mas revelam-se “particularmente más” na Europa, onde nove em cada dez inquiridos antecipa um recuo nas vendas.

 

Criado em 2019, o painel internacional de especialistas do ‘World Footwear’ recolhe e analisa, semestralmente, informações sobre as condições de negócios nos mercados mundiais de calçado, redistribuindo depois a informação de forma a fornecer uma visão precisa da situação da indústria no plano internacional.

 

// TRANSPORTES & NEGÓCIOS com Lusa
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